Maracanã

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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

lembranças do Natal de 2006 ( meu último Natal com meu pai)

troca de emails entre eu e Marcia Pimenta, dezembro de 2006....


Marcia


claro que as coisas nao acontecem por acaso...
ontem, eu contratei um Papai Noel que chegou uma hora antes à minha Casa..ele se veste de Bom velhinho há 46 anos. e anda por aí, por cidades, shoppings, escolas, ruas e casas...nesse período..
chegou acompanhado da esposa e de um filho que dirigia o carro vermelho.
pois, como eu ia levá-lo a casa do meu irmão, com os presentes para a familia..
pedi que subissem enquanto aguardávamos a hora de ir. meus pais, meu irmão e cunhada estavam na missa...
pois, quando eram 9 e meia e descemos pra pegar o carro, na marquise de uma loja ao lado do meu prédio, de repente, vi uma mulher negra, sentada no chão, com um carrinho de supermercado cheio de sacos de plástico, provavelmente todos os seus pertences...ela tinha a cabeça baixa, pensativa, e chovia. aproximei-me e perguntei se ia ficar por mais tempo pois eu , na volta traria algo para ela comer...ela me sorriu afirmativamente, com a boca destentada, e uma quietude sem igual...fui... participei da ceia com a familia e a entrega dos presentes... do Papai Noel que seguiu cedo para outras casas. as 11 e meia, meus pais que são idosos ( 85 e 80) queriam voltar pra seu lar, meu irmão pegou o carro, embora moremos próximos e nos trouxe...entre deixar meus pais em casa, e me trazer até minha porta, o tempo foi passando...eu até tinha me esquecido da criatura a quem prometera alimento...pois, exatamente à meia noite, ao pararmos na calçada, ela lá estava, mansa como um cordeirinho, feliz, me esperando e sorriu de novo....os fogos começaram a espoucar..eu senti um arrepio...meu irmão se foi eu subi rapidamente, arrumei o que tinha pronto e desci, para lhe dar a comida e o refrigerante. Ao entregar, sua expressão de "obrigada", me cortou o coração...
A mulher "mansa", solitária, risonha, cuja pele negra reluzia com o reflexo das varandas iluminadas, veio até mim, na noite de
Natal.
Entrei em casa, onde passei a madrugada, sozinha, como ela, ou melhor, passamos juntas...eu, mais tarde, olhei-a adormecida, recostada, e desejei-lhe baixinho, um Feliz Natal, e sei, que ela me desejou também, nalgum sonho, no seu sub-mundo de moradora de rua.
Mas, pela manhã, quando acordei, vi que já não estava mais lá... A calçada estava vazia. A noite de Natal fôra um sonho? Ou ela terá vindo enviada para que eu realizasse meu desejo expresso no poema?
Estou de novo arrepiada...
beijo
Cida

marcia.pimenta@globo.com escreveu sobre o poema... Quero os mansos neste Natal...
Lindo poema, Cida!


Lembrei de uma cena que vi ontem voltando do Natal que foi na casa da Minhamãe: Vi muitas pessoas sozinhas, abandonadas pelas ruas, dormindo nachuva... mas ali na área da Leopoldina Rego tinha um grupo grande, embaixode um viaduto e uma certa animação! Era uma freira, ali naquela escuridãodeserta da madrugada dando pão a quem tinha fome: O verdadeiro espírito doNatal!


Bjs,Márcia

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