Maracanã

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domingo, 4 de janeiro de 2009

enFAIXA-me GAZA





GAZA
me enfaixa
de manto
de pano
de dor
de perplexidade

me dá uma asa
quero voar até lá
e chorar junto tanta morte
tanta discórdia, disputa,
a puta má sorte, a bomba má,
não estou de lado algum,
estou dentro de cada um,
dos dois lados, sem razão,
sem direção, irracional corte
de fé, de esperança, de direção...

GAZA, me enfaixa,
de mortalha e de sofrimento
diante da humanidade perdida
tem pena de mim que nem me reconheço
sou judia, hispânica, palestina, afegã,
quero afago, afago, afago e afago...
mas não esmoreço, creio em qualquer recomeço...

Não quero a faixa incandescente
fumegando atentados, guerra e bombardeio
me enrola no manto sagrado do perdão,
de algum modo é o único jeito que me veio
para tanta alma que necessita da celeste calma...

Na minha pequena vida, sou mulher e mãe,
penso nos que padecem em GAZA, nos arredores,
no campo inimigo, no peito amigo, na procura de abrigo,
em algum acordo de paz, nos homens da ONU, no Deus possível,
no milagre, até na vida além, de Alá, de Cristo, de Buda,
além da vida visível e da invisível, deve haver um mundo melhor...

Além de GAZA, para onde vão os espíritos que o ódio fabrica,
talvez eles se unam e se irmanem, e até brinquem de pega-pega,
mas inocentes de pecados e culpas, quem sabe se abracem no éter?

GAZA, me enfaixa bem forte, para que eu me renasça em Terra feliz,
num superior Planeta, num Paraíso, talvez o Nirvana encantado,
muito depois das disputas de terras, de credos, de poderes,
e, mesmo cega, possa ver a LUZ...

Aparecida Torneros

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