Maracanã

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domingo, 18 de janeiro de 2009

Novos espaços para sermos felizes


Novos espaços para sermos felizes
Maria Aparecida Torneros da Silva



Novos espaços para sermos felizes Quando eu ouço " as canções que vc fez pra mim", na voz da Bethânia, e, suavemente, vou degustando frases concebidas por um Roberto antigo, que ainda fazia música para amores abandonados, fico pensando na eterna busca dos seres humanos que perseguem a tal felicidade. Saber equilibrar suas vidas interiores, reduzindo as tensões do dia-a-dia competitivo do mundo moderno, e, ao mesmo tempo, ter um lugarzinho interno muito especial, onde repousa a placidez do encontro com a essência humana, deve ser mesmo a luminosidade capaz de eternizar a plenitude da vida. Os braços transgressores de homens e mulheres se rendem ao desejo intenso de trocar afeto independentemente de sexo ou sensualidade. O lugar da arte, da literatura, da poesia, do cinema, do teatro, certamente, nas inquestionáveis saudades que invadem os corações qua ndo as criaturas se despojam dos status, das condições de seus estados civis, e se deixam levar somente pelos sentidos mais puros. Reler os versos de amor, de um poeta que prendeu nas palavras o próprio sentimento do mundo, nos faz aceitar a veracidade daquelas linhas saídas da alma voadora de um semelhante, em seu instante de recolhimento, sintonizando a transcendência dos corpos. Esculturas, pinturas, danças, vozes em canto, todos, sem exceção, se entranham nos poros das nossas peles, possibilitando as fugas necessárias para a certeza da finitude. O que fazer para minimizar a visão do sofrimento a que está fadada a humanidade, historicamente, pelas guerras e pelas pestes, pela incompreensão, pelo ódio e pela ambição? Na manhã invernal, eis que a luz do sol brilha sobre a relva molhada e fria, enquanto os olhares infantis estão repletos da esperança inocente de um futuro feliz. À volta, na espera do prazer da existência, voam pássaros e borboletas azuis, em arabescos, confirmam a dolorosa alegria de suas vidas tâo curtas, mas de encantamento tão intenso. Nossos olhos vislumbram a ilusão da vida, extasiados, embora. Queiramos ou não, a procura pela sensação de estarmos ou sermos felizes, nos é inerente e contingencial, quando, pela ciência, tentamos desvendar os mistérios profundos das razões de tudo. Criamos então, miticamente, amores possíveis e paixões impossíveis, como formas de temperar o vazio inexorável da morte que virá sempre um dia. Ao encontrar novos espaços para semos felizes, aí estarão os truques mágicos da mente humana a se fazer potente e soberana, nos colos amantes e nos suspiros reconfortantes. Bocas em beijos doces e sinceros, em algum momento, terão preconizado a efemeridade da existência que se contrapõe à eternidade da dúvida. Serei feliz na saudade como sou na busca. Seremos felizes na distância como nunca fomos na proximidade. Todos serão felizes nos lugares descobertos para apascentar as dores, inebriar-se de sorrisos amigos e perdoar os fins.

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