Maracanã

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sábado, 31 de outubro de 2009

Dia das Bruxas... as do Bem, clarooooooooo



Bruxinha, aprendi a ser feliz
Era uma noite de Lua Cheia.
Havia uma menina deitada na grama do jardim da casa da avó espanhola. O céu, lá em cima era tão lindo, repleto de estrelas. Ela observou emocionada, compreendendo a imensidão, o universo sem fim, a sua própria pequenez.
Naquele dia, horas antes, sua avozinha de origem cigana, lhe contara sobre o dom. Parecia tão difícil de compreender. Um jeito de lidar com a vida, que a fazia prever, intuir, adivinhar quem ia chegar e pressentir quem ia partir.
Poderia ser uma escolha, se o fosse, ela teria optado por não sentir aquelas estranhas e absurdas sensações que a distanciavam das outras meninas da sua idade.
Mas, depois da explicação da magia, podia agora, aceitar um destino de sensibilidades à flor da pele e da alma. Seguiria por aquele infinito mundo, procurando usar o dom em movimentos de amor ao próximo.
Hoje, sei que eu era uma criança que não tinha ainda 10 anos, mas pude receber com dignidade, a Bruxa que existe dentro de mim.
A partir daquela noite, aprendi a conviver com Ela, permitindo que sorrisos e lágrimas se alternem num crescimento humano que busca a vida na sua essência.
Carrego flores no sorriso, trago sedução no olhar, exalo perfume de rosas do corpo maduro, tenho mãos de fada para acalentar, meus pés voam sempre na direção dos bons ventos, ofereço luz aos que me cruzam o caminho.
Sou sedenta de justiça, luto pela paz, defendo o planeta, respeito a natureza, sou amante das águas, preservo os rios, adoro as montanhas onde medito sobre as pedras, sintonizando uma humanidade que se reconcilie com seu destino de bondade.
Acolho os homens, educo as crianças, amparo os idosos. Sei que tudo começou com minhas ancestrais, nas terras celtas e nos prados galegos. Ungüentos, chás, poções, orações, vou passando adiante as tradições da minha avozinha.
Foi exatamente naquela noite que descobri, em meu coração, que há uma Bruxa habitando meu ser por toda a eternidade. Ela é o encanto, enquanto eu sou o encantamento. Ela é meu refúgio e me dá forças na peregrinação.




Hoje, por exemplo, Ela se deixa absorver pela certeza do rumo a seguir. Mostra-me a estrada, renovando-me a esperança. Com atitude solene, me conta, triunfalmente, onde está a razão para tanta emoção na moderna mulher do século XXI.
Nas noites de Lua Cheia, muitas vezes, nessas décadas, em que Ela me acompanha, indaguei seu verdadeiro nome. Camaleoa, heterônima, rica de alcunhas, atende por vários apelidos. Um deles me comove porque me remete à perpetuação da espécie, à fertilidade da Deusa, à procriação dos humanos.
Quando me identificam, os seres mais sensíveis, me chamam simplesmente Fêmea.
Aparecida Torneros



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